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2º Encontro Municipal de Educação Continuada

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  • GISELE DE FATIMA DA CRUZ GODOI

    EMEIEF MAURÍCIO SEBASTIÃO FERREIRA, PADRE

    2 Meses e meio

    PROJETO DIDÁTICO: “VERSO E REVERSO- CHAPEUZINHO, O LOBO, A VOVÓ E A POESIA.”

    Diante das propostas elencadas pela BNCC, mudanças no currículo municipal e incertezas de escolher métodos certos que atendessem a tais demandas, surgiram partilhas em nosso grupo de professoras. No primeiro momento eram só perguntas que esclareciam a insegurança sentida, posteriormente as mesmas dúvidas tornaram-se palavras geradoras... Inquietações a nos mobilizar. Dentre as quais destacamos: 1.1 De qual forma atender às mudanças e inserir as mídias em sala de aula, com recursos tão escassos? 1.2 Como avançar no processo de consolidação da leitura fazendo crianças de 7 anos desenvolvam a leitura fluente dentro dos aspectos técnicos desejados, numa sociedade em que prevalece as redes sociais e midiáticas, e tira o livro como foco de descoberta a novas aprendizagens? 1.3 Como trabalhar tantos gêneros literários em tão curto espaço de tempo, de forma que os processos de escrita sejam respeitados e a aprendizagem pelos alunos seja significativa? 1.4 Qual o melhor caminho a seguir, para que os valores que norteiam a concepção histórico-crítica, cuja o foco maior se resume em formar cidadãos críticos e atuantes no mundo em que vivem, sejam alcançados? 1.5 Como conciliar a infância e o lúdico que cada criança traz naturalmente, num espaço de ensino sistematizado, mantendo viva a chama da descoberta? 1.6 De que maneira trabalhar a interdisciplinaridade com crianças de 6, 7 e 8 anos de forma precisa? Pensando nessas questões, introduzimos na grade semanal a “Cesta literária”. Momentos em que os alunos passaram a ter contato com a imaginação por meio das narrativas orais. A cada sexta-feira, nos diálogos sobre as histórias e livros narrados, os olhos das crianças brilhavam e a oralidade que se desenvolvia rebuscadamente, foi observado que o melhor caminho para responder nossas indagações, estava naquilo que as crianças trazem com elas: O mundo mágico da imaginação! No livro A psicanálise dos contos de fadas, Bruno Bettelheim aponta que as histórias são terapêuticas. Porém o elemento primordial de qualquer história é a fantasia. A literatura necessita de caráter pedagógico, mas é também um elemento que vai garantir a sobrevivência da fantasia, ícone primordial da infância. Segundo Denise Tonello “A literatura ajuda no desenvolvimento da linguagem, na ampliação do vocabulário, além de despertar sentimentos, emoções, desenvolver a imaginação e experimentar mundos novos de modo significativo e prazeroso”. Assim, decidimos utilizar a literatura, como um instrumento para o desenvolvimento e consolidação da leitura e da escrita na realização deste projeto.

    - Conhecer contos de fadas; -Ampliar o repertório oral e literário; - Ler e escrever de forma autônoma; - Conhecer textos produzidos por autores da cidade e dialogar com tais profissionais; - Perceber que é possível tornar-se um escritor, poeta ou mesmo um ilustrador. Ampliando a percepção que tais profissões estão ao alcance de todos; - Identificar características dos personagens dos contos trabalhados, neste caso, Chapeuzinho vermelho e as histórias que aparecem no livro; - Comparar histórias sobre um mesmo personagem com a intenção de perceber semelhanças e diferenças na descrição de suas características;

    Os conteúdos trabalhados foram pensados de acordo com expectativas de leitura e escrita para o 2º ano, descritas no Currículo Municipal de Limeira. Dentre os quais, destacamos a seguir: -Identificar unidade temática de um texto, comparando versões diferentes. Dentre os gêneros: Poesia; Contos; Texto de divulgação científica. - Relatar fatos e/ou acontecimentos em sequência lógico-causal. - Fazer uso das mídias sociais para pesquisar temas aderentes aos assuntos tratados no projeto. - Respeitar regras de interação discursiva. - Planejar e produzir, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, textos que possam ser repassados oralmente considerando a situação comunicativa dos gêneros: relato de experimento e entrevista. - Planejar e produzir textos escritos de forma coletiva, em duplas ou individualmente respeitando as etapas de produção dos gêneros: carta, ficha técnica, entrevista, cartaz, relato de experiência e convite. - Formatar e diagramar textos, conhecendo e realizando o processo de escrita, revisão textual, diagramação e ilustração. Respeitando as etapas de produção. - Apresentar aos colegas o produto final do projeto, em forma de: esquete teatral, cartaz, livro da produção escrita pelos alunos e vídeos de relatos de experimento. Campo da vida cotidiana -Recado -Convite -Receita -Carta -Regra de jogo -Poema -Diálogo contextualizado Campo da vida pública -Cartaz Campo da prática de estudo e pesquisa -Entrevista -Enquete -Relato oral de experimento. -Texto científico -Ficha técnica. Campo artístico-literário -Conto -Poema

    Para a realização deste trabalho foram pensadas atividades que atendessem especificidades esperadas para os alunos de 2º ano, ações baseadas na intertextualidade, uso das mídias e atividades lúdicas que permitissem a participação das crianças como protagonistas de ações para despertar o gosto pela leitura e escrita, além da percepção sobre a importância de preservar o meio ambiente. Inicialmente buscamos sintonizar os alunos do que seria feito, apresentando as etapas do projeto e expectativas de aprendizagens. Fizemos um resgate oral para saber os contos de fadas conhecidos, quais histórias eram apreciadas, para então apresentar o Conto Chapeuzinho vermelho em versões diferentes. Foi lido conto tradicional narrado pelos irmãos Grimm, Fita verde no cabelo de Guimarães Rosa, a história narrada pelo lobo mau e o livro “O lobo vermelho e a Chapeuzinho, de Simone Pedersen”. A cada leitura feita, os alunos participavam de análises contextualizadas de cada versão, dando opiniões ou ditando para a professora, a compreensão tida de cada texto. Depois das comparações e de conhecer o livro que daria base ao projeto, os alunos foram divididos em grupos para uma pesquisa biográfica sobre a autora Simone Pedersen, tendo como suporte o uso dos computadores da sala de informática. Com mediação da professora, criaram cartazes com as informações, fotos e registros encontrados, que foram socializados entre os grupos de pesquisa na sala de aula. Tendo maior conhecimento sobre a autora e o livro, os alunos gravaram um vídeo convidando Simone Pedersen para vir à escola, falar sobre seu trabalho e contar histórias. Neste meio tempo em que precisariam esperar uma resposta da escritora, levantaram questionamentos para compor uma entrevista do que gostariam de perguntar quando a mesma viesse. Dias depois quando a autora estava na escola, os alunos puderam ouvir uma de suas histórias. E fazer as perguntas que haviam preparado. Participaram de uma sessão de autógrafos e puderam conhecer outros livros para ler posteriormente. Dando continuidade ao trabalho, foram preparadas atividades pautadas nas ações de Chapeuzinho ao postar na rede “Encantanet” que iria para a casa da vovó, de forma que os alunos refletissem sobre os perigos de postar fatos pessoais ou aceitar pessoas desconhecidas nas redes sociais e meios de comunicação. Além disso, foi trabalhada a leitura compartilhada de um texto informativo que permitiu maior reflexão sobre o uso das redes sociais, tendo grande ênfase na participação oral pelos alunos e inferências pelas professoras. Partindo do pressuposto de que as cartas foram por anos os meios de comunicação mais utilizados, optamos por incluir o gênero epistolar neste momento. Assim, foi proposta aos alunos a escrita de uma carta de agradecimento à autora Simone Pedersen pela presença. Respeitando as etapas de produção escrita, os alunos ditaram uma carta para a professora. Posteriormente produziram em duplas por agrupamento produtivo. Textos que foram revistos e devolvidos para passar a limpo. Concluídas, foram encaminhadas para a autora Simone Pedersen. Retomando o gênero contos, foi feita a leitura compartilhada com análise discursiva de um conto bem escrito. Em seguida, a professora releu o conto tradicional da história “Chapeuzinho Vermelho”, solicitando aos alunos a reescrita com um final diferente. Para tanto, as duplas puderam participar de um momento lúdico, no qual a professora começava uma história, e cada criança que ouvia seu nome, precisava continuar oralmente. Baseado nas pesquisas de Magda Soares e análise feita pelo CELLIJ (Centro de estudos de leitura e literatura infantojuvenil) discorridas pelas autoras Ana Paula Paiva e Amanda Minca Carvalo no livro Leitura literária na escola (2013), sobre a presença do livro-brinquedo em sala de aula, adaptamos uma ação do livro brinquedo em sala de aula, inserindo os personagens do conto chapeuzinho com elementos surpresas, como um trem ou balão para manuseio, no qual as crianças puderam utilizar antes da escrita para produzir o final diferente. Isso facilitou a escrita autoral e criativa dos textos, pois os alunos acabaram associando a proposta como uma brincadeira. Algumas duplas saíram-se muito bem, outras, tiveram dificuldades para transcrever para a escrita, as orientações dadas, necessitando de intervenções pontuais. Um dos textos que não estava de acordo com a comanda apresentada, como objeto de estudo, análise do discurso e estrutura textual, foi posto na lousa e corrigido coletivamente. Posteriormente, os textos já corrigidos foram devolvidos aos alunos, para que pudessem passar a limpo e ilustrar. Dando seguimento retomamos a leitura do livro “Chapeuzinho e o lobo vermelho”, enfatizando a ação do lobo guará e a busca na casa da vovó de frutas e alimentos gostosos. Para melhor situar as crianças, realizaram a leitura e interpretação de um texto científico sobre o lobo guará, além de preencher a ficha técnica sobre os dados aprendidos. Localizaram no mapa da América do sul, locais de maior incidência do lobo guará, além de conhecer outros animais ameaçados de extinção. Os alunos puderam recordar o gênero receita, já que na história a vovó tira um bolo de fubá do forno. E juntamente com a professora, fizeram um bolo, observando atentamente os dados que compunham a receita. Como produto final, foi preparado um espaço interativo, contendo o mural com as atividades de pesquisa e escrita pelos alunos. Além de fazerem a leitura dramática de um trecho do livro, alguns alunos dramatizaram o mesmo trecho, que foi gravado e assistido dias depois. Também realizamos a confecção de um livro dos contos produzidos pelos alunos, e para enfatizar a importância da produção literária feita por eles, introduzimos como paralelo ao projeto, uma sequência de leitura de poemas, cuja autoria é apenas de autores de Limeira, todos relacionados com os contextos trabalhados, de forma a ampliar a fluência leitora, compreensão e interpretação. Assim, para a finalização do projeto, declamaram as poesias lidas num sarau, tendo a presença de poetas da Sociedade Literária Limeirense (SOLL) e Academia Limeirense de Letras (ALLE). QUANTO À INTERDISCIPLINARIDADE Desenvolver ações do projeto de forma interdisciplinar, possibilitando intertextualidade e diálogo entre os eixos: 1. Língua portuguesa: Leituras de diferentes versões do conto Chapeuzinho vermelho, texto científico, Receita. Produção escrita dos gêneros carta, contos, receita, biografia, entrevista, Leitura de poesias relacionadas ao tema trabalhado (Poemas de autores limeirenses); Leitura dramática. 2. Matemática: Situações-problemas (Adição, subtração, multiplicação e conceitos de divisão, com o tema Chapeuzinho Vermelho); Grandezas e medidas: Massa (Receita). 3. Ed. Física: Jogo dramático com movimentos e comandos. 4. Artes: Caricatura e Simetria da autora Simone Pedersen, construção/pintura do muro da casa da vovó e criação de títeres para apoio na escrita textual, leitura dramática de um diálogo do livro: Chapeuzinho e o lobo vermelho, gravação de encenação de um trecho do livro trabalhado. 5. Ciências: Pesquisa sobre o lobo guará, leitura e interpretação de texto de divulgação científica sobre o Lobo Guará, preenchimento da ficha técnica e leitura para ampliar o conhecimento sobre outros animais em extinção. 6. Geografia: Pesquisa e localização da presença do Lobo Guará em países da América Latina. 7. Conteúdo midiático: Cartas, Relato de experimento, Vídeo-convite dos alunos, convidando a autora Simone Pedersen para visitar a escola, Gravação da encenação de um trecho do livro, Uso de títeres como um meio interativo para o desenvolvimento da escrita de autoria e criativa aos alunos.

    Ao longo de todo o projeto os alunos mantiveram interesse pelas propostas apresentadas. Foram participativos e solícitos em cada ação, embora em muitas ocasiões, ficassem ansiosos e agitados ao extremo pela atividade que viria a seguir. Embora os contos sejam histórias natas da infância, muitas crianças não conheciam a maioria das histórias escritas pelos irmãos Grimm ou Perrenoult. Além de dar a entender, que muitos pais mesmo sabendo da importância da leitura, não lêem o quanto as crianças esperam que lessem para elas. Conhecer um livro e a autora que o produziu foi algo extremamente empolgante para os alunos, pois eles perceberam que também podem ser escritores ou ilustradores de histórias sensacionais. A maioria dos alunos do 2º ano relatou ter celular, tablet e computador. Acessam whattshap, instagram, google e outras redes sociais com frequência. Compreendem que os meios de comunicação facilitam muito a vida das pessoas, mas por deveras vezes, evidenciaram ficar chateados porque muitos pais e mães deixam de dar atenção ou brincar com eles para ficar no “Celular”. Melhoraram significativamente na leitura e na oralidade, apresentando em alguns momentos um vocabulário rebuscado para a idade. Passaram a demonstrar preocupação por falar corretamente, embora muitos erros gramaticais ainda se façam presentes nos discursos, falas e na escrita. Conheceram e produziram alguns gêneros literários, ampliando a compreensão sobre a escrita em prosa. Atenderam as propostas de escrita, dando a evidenciar que quando um enredo oral está bem estabilizado, fica mais fácil transcrever para o papel. Embora ainda haja muito a melhorar enquanto produtores de textos. A leitura de poemas prendeu a atenção dos grupos de forma significativa e deram preferência por textos curtos, como haicais, trovas, ou outras formas com quadras ou sextilhas. O que ampliou a fluência leitora, a imaginação e os argumentos sobre o que era lido. Mas a presença dos poetas na escola foi primordial, pois deu uma conotação muito maior ao trabalho proposto com o gênero, como se a poesia saísse do papel e ganhasse vida, através da expressividade, interlocução e sentidos dos alunos que no declamar. Sentido pleno que se reverberaram dos olhos infantis aos sentidos dos que os assistiam. O trabalho interdisciplinar com outras matérias ajudou significativamente no desenvolvimento do projeto. Sem o qual não teríamos tempo hábil para concluir, pois as atividades das etapas de escrita levaram mais tempo para desenvolver do que o previsto. Quanto ao uso das mídias em sala de aula, percebemos que não é tão difícil assim, deixam os assuntos mais atraentes para os alunos por retratarem momentos do cotidiano, além de possibilitar uma gama de atividades, uso e experimentações.

    BETTELHEIM, BRUNO (1980). A psicanálise dos contos de fada. Tradução Arlete Caetano. Rio de Janeiro: Paz e terra. COELHO, Nelly Novaes (2003). O conto de fadas. São Paulo: Ática. FIORE, Carlos Alberto, Celles Priscila, Godoy Sandra. Baú mágico: trovas para crianças. São Paulo: Scortecci, 2015. FIORE, Carlos Alberto. (2016) O que é, o que é? Ripos infantis/ Carlos Alberto Fiore: ilustrações de J. N. Fiore. Limeira, SP: Editora do Conhecimento. __________________. VÁRIOS AUTORES. Verso amigo III: Antologia de poetas de Limeira, Iracemápolis e convidados. São Paulo: Scortecci, 2018. FIORE, Carlos. Jornal Oficina de Poemas- Contos e crônicas Ed. Abril, Maio e Junho. Limeira, SP: Gráfica Ativa Limeira. ROSA, Guimarães. Primeiras estórias. 9. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora,1976 JORGE, Sonia Gouveia, Aratangy. Claudia Rosenberg, Vasconcelos. Rosalinda Soares Ribeiro de, Ivânia. Paula, Ler e escrever: Guia de planejamento e orientações didáticas professor alfabetizador. São Paulo: FDE,2014. JUNQUEIRA de. Renata, Berta Lúcia Tagliari Feba (Org.) Leitura literária na escola: reflexões e propostas na perspectiva do letramento. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2011. KOCK, Ingedore Grunfeld Villaça. A inter-ação pela linguagem/Ingedore Kock-11.ed., 1ª reimpressão.- São Paulo: Contexto, 2013. MORIN, Edgar. Amor, poesia, sabedoria. 7. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. __________. O método 5: a humanidade da humanidade. Porto Alegre: Sulina, 2002. PEDERSEN, Simone. Chapeuzinho e o lobo Vermelho Vinhedo, SP; Editora Avis Brasilis, 2014. https://www.unasp.br/ec/sites/revistaescolaadventista/6-dicas-para-um-projeto-didatico/ Acesso em 27/04/2019 https://www.chc.com.br/sites/revistacienciashojedascrianças/quemtemmedodolobo/chc/onomedosbichos/guará Acesso em 28/04/2019 https://novaescola.org.br/conteudo/11657/livros-infantis-que-disparam-boas-conversas-em-sala-de-aula Acesso em 05/04/2019 CurrÍculo Municipal de Limeira

     
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