Limeira

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2º Encontro Municipal de Educação Continuada

Seja bem vindo!

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  • TAISA DANIELA PESCAROLO BASTELLI

    EMEI MERCEDES STUCHI DUARTE DE MATTOS, PROFA.

    Duas semanas

    LEITURA E PRODUÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL… É POSSÍVEL? COAUTORA: KEILA RAQUEL DE LIMA VIEIRA

    Desenvolver uma proposta pedagógica com foco em leitura e produção na Educação Infantil é um desafio. É essencial a reflexão dessas práticas e de encaminhamentos para atingir o objetivo a que se propõe, atendendo ao Currículo proposto (LIMEIRA, 2019). A proposta pedagógica abordada nesse texto é um recorte de um trabalho maior que envolveu diferentes áreas do conhecimento, foi desenvolvido com duas turmas de 2a Etapa da E.M.E.I. “Profa Mercedes Stuchi Duarte de Mattos”, escola da Rede Pública Municipal de Limeira. No presente texto, traremos à reflexão e discussão atividades que tiveram como foco a leitura e a produção de um convite, esse trabalho teve duração de duas semanas.

    Teve-se como objetivo geral na área de Linguagem Verbal, trabalhar a leitura do convite, mesmo que os alunos ainda não realizem essa atividade convencionalmente (decodificando), e a produção sendo o professor escriba. Destarte, o trabalho desenvolvido tem como foco os conteúdos para o ensino da leitura com objetivo de desenvolver capacidades (estratégias). Sem perder de vista, a finalidade da leitura, consequentemente, procedimento e comportamento leitor. O foco do trabalho em produção é que a criança realize a atividade oralmente em conformidade com o contexto de produção e respectivas especificidades (gênero, esfera, suporte, veículo de circulação e função social).

    Em consonância com o Currículo Municipal de Limeira (LIMEIRA, 2019), os conteúdos gerais (abaixo com destaque em itálico) e específicos trabalhados na área de Linguagem Verbal foram: - Leitura de diferentes gêneros: Convite - Função social; Convite: destinatário, remetente, tema, data, horário, local; - Compreensão - Levantamento e checagem de hipóteses; Antecipação ou predição de conteúdos ou propriedades dos textos; - Práticas de produção de escrita: Convite - Práticas de produção de escrita de textos (professor escriba) ou produção oral (aluno) com destino escrito considerando: Gênero, Interlocutor, Contexto de produção, Sentido a partir de uma situação dada respeitando a estrutura do gênero, suporte e veículo de circulação; Função social do gênero trabalhado; Direção convencional da escrita.

    O trabalho relatado abaixo é um recorte de uma proposta pedagógica desenvolvida com alunos da 2a Etapa, a partir da leitura do livro “Camilão, o comilão” de Ana Maria Machado. Inspiradas pelo fim que essa história apresenta em que o personagem protagonista organiza uma festa e escreve um convite aos seus amigos solidários. As professoras planejaram encaminhamentos com foco no trabalho dos conteúdos para o ensino da leitura e produção de um convite. Ressaltamos que a proposta pedagógica relatada abaixo foi realizada com duas turmas de 2as Etapas e cada professora desenvolveu o trabalho com sua respectiva turma, denominaremos PROFESSORA 1 "P1" e PROFESSORA 2 "P2". Para dar início às atividades com o objetivo de trabalhar conteúdos para o ensino da leitura, na primeira aula, as professoras organizaram as crianças em roda e deram oportunidade a elas de explorarem convites de diversos formatos e tamanhos (convites de aniversário, casamento, chá de bebê, entre outros). Nesse momento, as professoras não afirmaram que esses textos que estavam visualizando eram convites. As professoras teceram alguns questionamentos direcionando essa atividade. Abaixo consta um trecho do diálogo entre a Professora 2 e os alunos. Diálogo (1) entre PROFESSORA 2 e alunos: P2- Olhem bem no centro da roda! O que temos? A1- Acho que cartão! A2- Eu acho que é um monte de papel espalhado! A3- É convite! P2- Pega um! Por que você acha que é um convite? A3- Porque tem um monte de coisa escrita! P2- O que mais? A3- (…) - criança ficou pensativa e não respondeu P2- O que tem num convite? A3- Não sei! (…) Não sei ler! (…) Após exploração dos textos, cada criança fez a escolha por um dos convites. As docentes iniciaram os questionamentos de exploração dos textos que as crianças tinham em mãos. Dessa forma, foi desenvolvido um trabalho de levantamento e checagem de hipóteses. Abaixo consta o diálogo entre a Professora 1 e os alunos: Diálogo (2) entre PROFESSORA 1 e alunos: P1- O que vocês têm em mãos? A1- Um papel… P1- Pra que serve? A1- Pra lê, pra pegar, pra olhar… P1- Sei! E o que mais? A1- (…) ficou pensativo… P1- E você , o que tem em mãos? A2- É um papel do Batman. P1 - O que você acha que é? A2- (…) - ficou quieto e pensativo… A3 - É da Frozen! P1- O que mais tem nele além do Batman, da Frozen… A4 - No meu tem um Unicórnio! P1- Deixa eu ver… E o que você acha que é isso? A4 - Um convite! P1- Por que você acha isso? A4- Porque tem letras… P1- E, o que mais? A4- Papel… P1 - O que mais? A4- Dá pra abrir… P1- Deixa eu ver! O que mais tem nele? A4- Tem desenhos… P1- O que mais? A4 - Tem palavras… A3 - Tem números… (…) Nota-se nos diálogos acima que as professoras não tinham como objetivo a decodificação dos textos, as professoras permitiram a exploração dos convites e por meio dos questionamentos houve o direcionamento dessa atividade. Dessa maneira, as crianças buscaram pistas nos textos que tinham em mãos para, então, descobrir sobre o que tratava o texto. É importante ressaltar que as crianças produziram sentido e partilharam o que sabiam e observavam no texto. Após essa etapa realizada, as professoras afirmaram às crianças que o texto que tinham em mãos era um convite. E, então, continuaram com os questionamentos atentando a finalidade do texto. Abaixo constam os diálogos entre as professoras e alunos. Diálogo (3) entre PROFESSORA 1 e alunos: P1- Pra que serve o convite? A1- Pra lê… A2 - A gente ganha convite de aniversário… A3 - Convite de casamento… A2 - Convite de festa… (…) P1 - Aqui na mesa vocês viram vários tipos de convites! Convites do que vocês viram? (…) Esse aqui do que é? A2 - De casamento… A3 - Claro que é! Porque tem esse negócio branco de casamento! P1 - Entendi! E esse convite? Vocês acham que é do que? A4 - De neném ! A5 - Já sei! (…) Chá de bebê! (…) Diálogo (4) entre PROFESSORA 2 e alunos: P2-Você acha que é um convite pra quê? Você acha que é para um casamento, um aniversário, uma festa junina… Para que é? A4- (criança manipula o convite, observa atentamente e diz) Um aniversário. P2- O que tem num convite? A4 - Tem número. P2 - Pra que serve este número? A4 - Pra contar! (…) As professoras fizeram questionamentos referentes à finalidade do texto, proporcionando um momento de reflexão sobre o convite que tinham em mãos. Nesse momento, as crianças socializaram o que sabiam e o que observavam no texto. As crianças refletiram sobre o formato do convite e as diferentes ocasiões que oportunizam o uso desses diferentes formatos. Após essas atividades realizadas, as docentes leram alguns convites para que as crianças tivessem contato com o texto na íntegra. Então, propuseram que fizessem um convite (registro escrito) destinado as famílias, referente à festa junina que ocorreria na escola. Em outro momento, um dos convites foi selecionado pelas professoras para servir de modelo para realização da seguinte atividade: as docentes entregaram uma cópia do convite a cada criança e apresentaram o convite em cartaz com destaque (com diferentes cores) nas partes que compõem o gênero (destinatário, remetente, tema, data, horário, local). Por meio de questionamentos, as professoras direcionaram a reflexão sobre o texto e as partes em destaque, assim, as crianças acompanhavam a leitura do convite, localizavam na cópia do texto que tinham em mãos e pintavam cada parte com a cor correspondente ao registrado no cartaz. Após este trabalho, o professor fez a leitura do convite juntamente com os alunos. Em outra oportunidade, utilizando o cartaz com o modelo do convite, foi feita a produção do convite referente à festa junina. Para o desenvolvimento dessa atividade, a professora atuou como escriba. Vale ressaltar, que neste momento, as professoras não tinham como foco o eixo de trabalho de Análise Linguística, portanto, não foram feitos questionamentos referentes aos conhecimentos que os alunos possuíam sobre os aspectos linguísticos. As professoras focalizaram seu trabalho nas questões discursivas do texto. Abaixo constam os diálogos entre as professoras e alunos. Diálogo (5) entre PROFESSORA 1 e alunos: P1 - Nós conversamos na semana passada que faríamos um convite! Que convite é esse? A1- Da festa junina! P1 - Quem nós vamos convidar? A - A nossa família! P1 - Então vamos olhar o convite do Lucas (aponta para o modelo usado). O que vou colocar aqui ?(aponta para destinatário) A2 - Isabela! P1 - Isabela? Mas quem eu vou convidar? A3- Meus pais…. P1 - Eles são quem então? Eu vou convidar a minha …. A - Família! P1 - É a família! (professora escreve na lousa FAMÍLIA) (…) P1 - Qual é o tema do nossa festa? A4 - Festa Junina! A professora escreve na lousa “Festa Junina”. P1 - O que mais tem que ter no convite? A5- A data… P1- Por que tem que ter a data? A2 - Pra gente saber quando é! P1 - Ah! Pra gente saber o dia! Data (professora escreve). Que dia será? Olha lá! (aponta para o calendário fixado na classe). A6 - Sete! (…) A professora escreve a data, mês e ano. E lê todas as informações já registradas até o momento. P1 - O que mais de informação tem que ter no meu convite? A7 - O horário! P1 - Por que tem que ter o horário? A7 - Porque se você ir no horário errado você vai perder o … horário! A8 - … a festa! (...) Diálogo (6) entre PROFESSORA 2 e alunos: (...) P2 - O que vem agora? A1 - A data. P2 - O que é a data? A6 - O dia! P2 - Isso! O dia! Que dia vai ser? A7 - Sete de junho! P2 - Sete de junho (registra na lousa). E depois da data, o que vem? A8- O horário! P2 - O horário da nossa festa! O horário será 18 e 30 (professora registra). O que falta ainda? A9- O número da casa! P2 - Aonde vai ser a nossa festa! O local… Aonde será a nossa festa junina? A7- Na nossa escola! P2- Como chama nossa escola? A10 - Mercedes. P2- EMEI Mercêdes (professora escreve na lousa). Agora está faltando só uma coisa no meu convite… A5 - O Lucas. Professora retoma o convite (modelo) e afirma que Lucas é quem está convidando. P2 - Quem está convidando para festa junina? A11- A gente. P2 - A segunda Etapa um. (escreve na lousa) Ao realizar essa atividade, as professoras explicitaram o comportamento escritor e, por meio de questionamentos, as crianças explicitaram suas ideias que foram textualizadas pela professora. Após a escrita coletiva do convite, cada criança registrou seu próprio convite que seria entregue à família, atentando à direção da escrita e estrutura do gênero trabalhado. Observando o modelo do convite, as professoras indagaram os alunos quanto a finalização do trabalho: “Falta algo para concluir este convite?”. As crianças notaram que era necessário uma capa para ficar igual ao modelo, então pensaram sobre a imagem. Direcionados pelos questionamentos das professoras, os alunos refletiram sobre o tema da festa e definiram o desenho que melhor representaria o tema, “bandeirinhas". Em parceria com a professora de Artes (que já estava trabalhando com obras de Alfredo Volpi), as crianças confeccionaram a capa do convite concluindo, então, o trabalho. Nesse momento, houve a necessidade de decidir “como o convite chegaria até os pais”, professoras e alunos definiram que o caderno de recados era o meio mais viável pelo qual o convite chegaria até família.

    O trabalho desenvolvido teve como foco os conteúdos para o ensino da leitura (compreensão) e não o trabalho com a decodificação. Considerando que compreensão se ensina (BRANDÃO, 2006), é de suma importância que os professores planejem situações de ensino-aprendizagem que envolvam questionamentos de texto (levantamento de hipóteses, checagem, antecipação) embora as crianças da educação infantil não leiam convencionalmente. Os professores, ao planejarem, precisam prever questionamentos e possíveis respostas dos alunos para melhor garantir o trabalho de compreensão por parte das crianças, pois os questões direcionam a reflexão sobre o texto, servindo de pistas, permitindo-as refletir sobre o texto observado e, então, chegando-se a compreensão do que se lê. Para a produção textual coletiva foi relevante focar somente nas questões discursivas. Os professores conseguiram direcionar os questionamentos para a estrutura do texto e elementos essenciais que caracterizam o gênero, neste momento, não foi focalizado as questões linguísticas. Após o trabalho aqui relatado, ao observar outros momentos em que as crianças tiveram contato com textos de diferentes gêneros, nota-se que sempre comparam o texto em questão com o convite produzido, lembrando dos elementos que o compõe. Observa-se que, diante de um texto, as crianças sentem-se autorizadas a ler, mesmo que não seja de modo convencional (decodificando).

    BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. O ensino da compreensão e a formação do leitor: explorando as estratégias de leitura. In: Barbosa, Maria Lúcia Ferreira de Figueiredo (Org) Práticas de leitura no ensino fundamental. Belo Horizonte: Autêntica 2006. KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. 16 ed. Campinas, SP: Editora Pontes, 2019. KOCH, Ingedore Villaça. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2011. LIMEIRA. Currículo da Rede Municipal. Limeira: Secretaria Municipal de Educação.2019. MACHADO, Ana Maria. Camilão, o comilão. São Paulo: Abril, 1977. ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura. São Paulo: SEE: CENP, 2004. Texto apresentado em Congresso realizado em maio de 2004. Site: http://arquivos.info.ufrn.br/arquivos/2013121153a8f1155045828c12733b68e/Letramento_e_capacidade_de_leitura_pra_cidadania_2004.pdf. Acesso em: 15 mai. 2019.

     
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