SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - LIMEIRA/SP
EMEIEF JOSÉ LEVY SOBRINHO, MAJOR - ENCONTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA - 2019

NOME DO PROFESSOR(A): EDNA MORAIS ANDRADE DE ALMEIDA

UNIDADE ESCOLAR: EMEIEF JOSÉ LEVY SOBRINHO, MAJOR

TÍTULO: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO APRENDENDO A LER E ESCREVER POR MEIO DA PEDAGOGIA POR PROJETOS

TEMPO: Início dos Trabalhos 13-06-2018 Prazo Final 31-11-2018 5 meses

INTRODUÇÃO: Enquanto professora do Ensino Fundamental, há seis anos, na Rede Municipal da cidade de Limeira, São Paulo, Brasil, e, também, com experiência como professora durante um ano e meio na prefeitura de Iracemápolis, observei a necessidade de qualificar minha prática no que se refere às questões de leitura e escrita. Sempre organizei situações didáticas partindo de um tema, porém da decisão da temática até o planejamento das ações eram por mim definidas. As crianças se envolviam com as atividades propostas, no entanto, observei que faltava algo que pudesse enriquecer o trabalho desenvolvido, em que as crianças pudessem ser mais participativas e autônomas, busquei uma pedagogia que valorizasse a criticidade e a participação do aluno em todo processo de sua formação, distanciando, assim, de uma educação bancária. Percebendo a necessidade de investir em minha formação profissional, ingressei como aluna especial no curso "Leitura e Ensino" oferecido pela Unicamp. Concomitantemente, participei de uma formação pedagógica na escola em que trabalhava e tive o primeiro contato com a Pedagogia por Projetos por meio da palestra da professora doutora Maria Cecília de Oliveira Micotti. Após isso, iniciei minha participação no grupo Raios de Sol, coordenado por essa professora, Maria Cecília de Oliveira Micotti, na UNESP/ Rio Claro, no ano de 2015. As discussões e estudos feitos pelo grupo têm como ponto de partida as obras de Josete Jolibert, educadora francesa, que propõe um trabalho didático na perspectiva de uma Pedagogia por Projetos. Coansoante Jolibert (1994a), essa proposta visa uma organização de aulas cooperativas, em que a atividade é gerada pela pedagogia por projetos. Também, os alunos devem comprometer-se com seu aprendizado. "Além disso, a pedagogia de projetos permite viver numa escola alicerçada no real, aberta a múltiplas relates com o exterior: nela a criança trabalha “para valer” e dispõe dos meios para afirmar-se. ( JOLIBERT, 1994a, p.21) Tive interesse em compreender melhor como o trabalho didático se organiza nessa perspectiva. Participar desse grupo e das discussões, levou-me a refletir sobre minha prática e identificar a necessidade de proporcionar momentos em que a criança seja capaz de sugerir soluções para diferentes situações que vivenciavam na escola. Destarte, optei for investir em minha formação, focalizando numa perspectiva em que o aluno passa a ser protagonista de sua própria aprendizagem e renunciando a perspectiva de trabalho centrado no docente. Na perspectiva da Pedagogia por Projetos, o trabalho didático viabiliza a participação do aluno na decisão do tema a ser estudado, na definição das etapas do projeto em desenvolvimento e o trabalho final que culminará o projeto. No desdobramento das etapas, o contato com textos de diferentes gêneros em situações reais de comunicação torna-se imprescindível. Jolibert e colaboradores ressaltam que deve haver “[…] a utilização de vários gêneros textuais em situações significativa para os alunos. Lê-se a todo o momento em função da vida na aula e na escola e da realização de projetos. Isso significa que as crianças leem e escrevem para valer […]” (MICOTTI, 2009, p.41) Essa turma de primeiro ano teve seu primeiro contato com a Pedagogia por Projetos com o desenvolvimento desse que será relatado. O projeto teve início em junho de 2018, quando efetivei-me no cargo, e foi finalizado em novembro desse mesmo ano. A classe era composta por 26 alunos, sendo que 18 escreviam reconhecendo a relação som-grafia das palavras, porém 09 tinham compreensão do que escreviam. Estes alunos que apresentavam defasagem na leitura e escrita estavam inseridos no projeto “Mais Alfabetização” do Governo Federal. Considerando a proposta de Josete Jolibert, o trabalho deve partir da “Tempestade de ideias”, momento em que as crianças podem sugerir o tema que deseja estudar. Como era o primeiro Projeto que seria desenvolvido com a turma, houve a necessidade de explicar aos alunos o que era esse momento. Partindo do assunto sugerido por eles, os conteúdos previstos para o primeiro ano do Ensino Fundamental no Currículo da Rede Municipal da cidade de Limeira, São Paulo, seriam contemplados no desdobramento desse trabalho.

OBJETIVO: 1 - OBJETIVO GERAL Fomentar a pesquisa e a leitura através de um tema de interesse dos alunos, proporcionar o trabalho em equipe e a produção de textos. 2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS Conhecer as espécies de cobras Identificar as do tipo venenosa e não venenosa Proporcionar a pesquisa sobre o veneno: Beneficio e malefício Evitar, Alertar e prevenir ataques e contatos com animais peçonhentos Perceber a escrita como forma de se comunicar e que ela espelha o mundo social em que vivemos Ler e produzir escritos reais Trocar informações, trabalhar em equipe e realizar tarefas com autonomia.

CONTEÚDO: Língua Portuguesa – Pesquisa, Leitura e Produção escrita de diversidade de gêneros Textuais. Ciências – Espécies de animais, Réptil, hábitos e características das serpentes Matemática – Medidas

ENCAMINHAMENTOS: Plano de Ação: 1° Momento: Conversa com os alunos sobre o trabalho com projeto e levantamento de conhecimento prévio sobre o assunto. 2º Momento: Escolha do tema, Chuva de ideias, lista e votação. 3° Momento: Após escolha do tema a classe será dividida em quatro grupos: Azul, Amarelo, Verde e Vermelho. Cada grupo ficará responsável por uma parte específica da pesquisa. 4° Momento: Envio de um comunicado aos pais explicando sobre o projeto e a divisão dos trabalhos em grupo. 5° Momento: Realizar as leituras das pesquisas conforme as crianças forem trazendo, a leitura será feita pelo aluno ou pela professora, o aluno Miguel trouxe uma pele de cobra para a classe. 6º Momento: Conversar com os alunos sobre o percurso dos trabalhos e o produto final para o projeto. 7° Momento: Escrita da carta de solicitação para a diretora Maria Helena pedindo autorização e providências para que os alunos possam visitar o Instituto Butantan. 8º Momento: Continuar as leituras das pesquisas e confecção dos cartazes com os tipos de cobras venenosas e não venenosas. 9º Momento: Escolha de uma espécie para a produção da ficha técnica 10° Momento: Visita ao Instituto Butantan 11° Momento: Relatório dos alunos sobre a experiência da visita, o aluno Miguel trouxe a segunda pele da cobra, comparamos o tamanho com a primeira e vimos que cresceu 30cm. 12º Momento: Preparação e apresentação do Seminário. Resumo dos conteúdos para a fala e produção dos cartazes nos grupos. 13°Momento: convite as demais classes dos primeiros anos da mesma escola. 14°Momento: bilhete aos pais avisando do dia da apresentação e solicitando que as crianças venham com a camiseta da cor do grupo para ficar mais organizado. 15°Momento: Apresentação para outras classes de primeiros anos. 16°Momento: Apresentação para os pais (na última reunião de pais do ano letivo) 17°Momento: Apresentação pela professora do projeto a comunidade escolar durante reunião de HTPC.

CONSIDERAÇÕES: Num trabalho didático organizado na perspectiva da Pedagogia por Projetos, como esse apresentado, possibilitou aos alunos atuarem como protagonistas de sua aprendizagem. As crianças puderam escolher o assunto a ser estudado e, também, alguns encaminhamos. O desdobramento do projeto possibilitou a integração de diferentes áreas do conhecimento: Língua Portuguesa, no que se refere a leitura e escrita; Ciências, no que se trata do estudo do tema “Cobras e serpentes”; e, Matemática, ao trabalhar com medidas e contagem/quantificação. Observou-se envolvimento das famílias em diversas fases do projeto, desde a realização das pesquisas e resumos até em sugestão de ideias para o desenvolvimento do projeto. Jolibert (1994a, p. 130-131) ressalta a importância e valorização da participação dos pais nos projetos, porém nem todos irão participar da mesma forma, mas busca-se implementar “[…] uma colaboração, uma complementaridade de trabalho, uma participação numa pesquisa em andamento”, ambas as partes necessitam de persistência e vontade de criar e “[…] preservar as condições de uma colaboração efetiva”. (JOLIBERT, 1994a, p. 130-131) Com o desenvolvimento do Projeto, as crianças puderam participar de atividades de leitura e escrita em situações reais de comunicação. Produziram cartas, listas, cartazes, cartões, bilhetes e convites em momentos que se fez necessário. E realizaram leituras desses gêneros, inclusive daqueles que tiveram contato no decorrer de suas pesquisas, que foram diversos. O desenvolvimento desse trabalho, proporcionou avanço na produção escrita das crianças, obtendo aumento dos resultados na avaliação externa da Rede Municipal de Limeira feita em novembro de 2018. Destarte, o trabalho com a Pedagogia por Projetos possibilitou que as crianças tivessem contato com diversos textos, de diferentes gêneros e, também, seus portadores, em situação real de comunicação, superando o enfoque fonográfico. E, ainda, ampliou o conhecimento de mundo das crianças, tornando-as mais criativas, autônomas e críticas. Consoante Micotti (2000), muitas vezes, na fase de alfabetização é dado ênfase em tipos de letras e estudo das sílabas, isto é, o trabalho docente está focado na decifração, no entanto, a alfabetização deve ser compreendida de uma forma muito mais abrangente, segundo Micotti (2000, p.207), "Afinal, muito mais que ensinar a decifrar, alfabetizar é realizar o amplo processo de ajudar cada criança a assumir seu lugar social no mundo e desenvolver o sentimento de ser única em sua singularidade; é viver participando de um processo infinito - a educação”. Nesse sentido, nota-se que a formação docente inicial não é suficiente para exercício do magistério, faz-se necessário que o professor debruce em estudos e invista em sua própria formação (continuada). Assim, consoante Jolibert (2013), pode-se afirmar que professores e alunos devem ser “sujeitos, protagonistas de sua própria formação”.

REFERÊNCIAS: JOLIBERT, J. Pedagogia, linguagem e democracia ou crianças ativas em um meio em que elas participam de sua administração. In: Congresso da Rede latino-americana para a transformação da formação docente em linguagem, 8., Rio Claro, 2013. JOLIBERT, J. et al. Formando crianças leitoras. Trad. Bruno Magne. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994a. JOLIBERT, J. et al. Formando crianças produtoras de textos. Trad. Bruno Magne. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994b. MICOTTI, M.C.O. Alfabetização: propostas e práticas pedagógicas. São Paulo: Contexto, 2012. MICOTTI, M.C.O. (org.) Leitura e escrita: como aprender com êxito por meio da pedagogia por projetos. São Paulo: Contexto, 2009. MICOTTI, M. C. O. (org). Alfabetização: o trabalho em sala de aula. Rio Claro: UNESP - Instituto de Biociências, 2000. Currículo da Rede Municipal de Limeira para o Ensino Fundamental.