SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - LIMEIRA/SP
EMEIEF MARIA THEREZA SILVEIRA DE BARROS CAMARGO - ENCONTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA - 2019

NOME DO PROFESSOR(A): CARLA MAGALHÃES CORTEZ

UNIDADE ESCOLAR: EMEIEF MARIA THEREZA SILVEIRA DE BARROS CAMARGO

TÍTULO: RODA DE LEITORES

TEMPO: 29/04-05/07/2019

INTRODUÇÃO: O trabalho em questão foi desenvolvido na escola E.M.E.I.E.F. “Maria Thereza Silveira de Barros Camargo”, com uma turma de Maternal II no período vespertino, a sala é composta por 21 crianças. O projeto intitulado “Roda de Leitores” foi pensado a partir da proposta do 2º EMEC- Encontro Municipal de Educação Continuada, com a colaboração da professora formadora Ângela Druzian. Cabe ressaltar que não sou a professora titular dessa sala da Educação Infantil, assumi a classe no dia quinze de abril, quando a professora responsável se afastou. Porém, sou professora efetiva da rede no Ensino Fundamental e leciono numa turma de 5º ano nessa mesma instituição escolar.

OBJETIVO: A intenção deste trabalho foi contribuir com o processo de formação de leitores, de maneira planejada, sistematizada, portanto, intencional. As ações propostas no decorrer do projeto tiveram a intenção de propiciar aos alunos, através da roda de leitores, o contato prazeroso com o hábito de ler, contar e ouvir histórias. Para Brandão e Rosa (p.456)“...crianças que participam regularmente da roda de histórias desde a Educação Infantil desenvolvem conhecimentos distintos daquelas que não tiveram essa experiência”.

CONTEÚDO: Leitura Conteúdo Geral: • Leitura de diferentes gêneros (Contos) Conteúdo Específico: • Leitura de diversos textos, considerando diferentes possibilidades de produção de sentido Conteúdo Geral: • Comportamento/ Procedimento Leitor Conteúdo Específico: • Frequentar bibliotecas (de classe ou não), zelando pelo material de leitura • Manuseio de portadores textuais Conteúdo Geral: • Finalidade de leitura Conteúdo Específico: • Leitura por prazer estético (Contos) Conteúdo Geral: • Compreensão Conteúdo Específico: • Ativação de conhecimentos

ENCAMINHAMENTOS: Os livros escolhidos por mim para o desenvolvimento do trabalho foram: “João e o Pé de Feijão” de Klévisson Viana e ilustrações Heméterio, “Cachinhos de Ouro” recontado por Ana Maria Machado e ilustrações Ellen Pestili, “Livro de histórias: Chapeuzinho Vermelho” de George Adams e ilustrações Peter Utton. “Os três Porquinhos” recontados por Ana Maria Machado e ilustrações por Gilles Eduar e “A Verdadeira História dos Três Porquinhos” de Jon Scieszka e ilustrações por Lane Smith. A escolha dos quatro primeiros livros se deu por serem contos clássicos e apesar dessa faixa etária ter um repertório breve, muitos desenhos que provavelmente esse público tem acesso trazem referencias (conhecimentos prévios sobre esses contos). Essa hipótese pôde ser confirmada no desenvolvimento do projeto, já que as crianças apresentaram, no decorrer do mesmo, conhecimentos sobre o enredo das diferentes histórias lidas e/ou contadas. O último livro que escolhi foi para que as crianças pudessem ver a figura do lobo representada de outra maneira, pois na maioria dos contos infantis ele é apresentado como vilão da história. Diferente dos atributos do Lobo Mau apresentados nos contos “Chapeuzinho Vermelho” e “Três Porquinhos” no último título, o Lobo é caracterizado como “bonzinho”. Diariamente, organizei a roda de leitores, revezei entre leitura e contação dos títulos elencados e o trabalho com cada livro foi desenvolvido durante uma quinzena. Cabe ressaltar que em cada leitura sempre fui destacando, além do título da história, autor e ilustrador. Durante a roda de leitores apresentava a capa do livro e as crianças levantavam hipóteses sobre o tema da história que seria lida, antes mesmo de serem informadas sobre o título do livro, pois, as leituras que faziam das imagens apresentadas através das ilustrações, amparavam suas suposições. Em seguida eu realizava a leitura. Os livros mais extensos foram divididos em dois ou três momentos, isto é, foram lidos em dias diferentes. Depois da primeira leitura, seguiam os dias (dentro da quinzena), alternando leitura e contação do mesmo título. Na segunda semana da roda de leitura com o mesmo livro as crianças já ajudavam a contar a história. Com isso, pude perceber que a maioria teve condições de nomear os personagens principais, apresentar o problema central, condensando o enredo e apresentando a resolução do problema com as mesmas características do livro. Além da estratégia didática da roda de leitores, também organizei na sala de aula uma caixa com diversos livros, esses títulos eram disponibilizados às crianças ao menos uma vez na semana para que pudessem manusear os portadores textuais, nesse momento eu observava a evolução de cada aluno através do comportamento e do procedimento leitor. A ida à biblioteca foi realizada semanalmente e frequentada sempre às sextas-feiras. Na primeira visita apresentei o espaço e a bibliotecária; organizei as crianças em roda e levantei as hipóteses do que se fazia naquele lugar. Durante a segunda visita conversei sobre a importância de zelar pelo material da biblioteca e, na terceira vez que comparecemos, cada criança foi cadastrada no sistema e começaram a levar livros para casa. Por esse motivo encaminhei um bilhete aos pais explicando a dinâmica dos empréstimos e incentivando que os livros fossem lidos em casa pela família. (* fiz parágrafo) Nas três primeiras visitas à biblioteca realizei a roda de leitores. Nas visitas posteriores as crianças realizaram a troca dos livros e em todos os momentos que frequentamos esse ambiente sempre ressaltei as questões relativas ao comportamento adequado ao espaço e a importância de zelar pelo material emprestado. Vale ressaltar que nessa escola a organização dos livros da biblioteca se dá por ano série, dividido por estantes e indicados por cores. A estante sugerida para alunos do infantil e 1º primeiro ano são indicadas pela cor azul, esse foi, inicialmente, o único critério para que as crianças fizessem suas escolhas. Antes de irmos à biblioteca para realizar a troca dos livros, sentávamos em roda e cada criança falava um pouco sobre o livro que havia levado na semana anterior. Pude perceber pelas falas que as leituras dos livros estavam sendo realizadas, pois a maioria sabia o assunto dos mesmos, dava detalhes do enredo e algumas se posicionavam dizendo se haviam gostado do livro. Uma das questões que mais me chamou a atenção nessas rodas foi que a fala dos amigos sobre os livros “lidos” acabou se tornando outro critério de escolha dos livros da biblioteca para a leitura da maioria do grupo. As idas à biblioteca foram significativas para as crianças, pude verificar isso, pela ansiedade que apresentavam durante a semana, sempre perguntando “hoje é dia de biblioteca? ”. Algumas mães relataram que em casa eles também perguntavam se já havia chegado o dia de trocar o livro. Sempre que íamos à biblioteca, além da troca de livros, as crianças tinham um tempo para manipulá-los nesse espaço e para finalizarmos, fazíamos a roda de leitores e uma história era lida para o grupo.

CONSIDERAÇÕES: Despertar o interesse das crianças é essencial para que elas tenham condições de construir o conhecimento, reconhecer as mesmas enquanto sujeitos de direitos e desmistificar o caráter assistencialista na Educação Infantil, enaltecido pelo senso comum até os dias de hoje, é imprescindível para que seja ofertado um ensino de qualidade. Toda instituição destinada a educação deve proporcionar a seus alunos um espaço que seja adequado para o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional, para que dessa forma possibilite novas descobertas e experiências. Segundo Leal (2006, p.43) “ler por prazer é o que nos faz leitores de fato, ou seja, é o que nos impulsiona a buscar mais e mais textos, é o que nos faz usufruir o direito de negar um texto, escolher outro texto, pedir sugestões, dar sugestões.” Assim, embora pareça óbvio que ser capaz de ouvir histórias em grupo seja uma conduta natural, não precisando ser ensinada, evidências de pesquisa mostram justamente o contrário, ou seja, que as crianças precisam aprender sobre o que é fazer parte de uma roda de histórias para que sejam participantes ativas dessa atividade. (BRANDÃO; ROSA, p.448) Certamente, a percepção mais relevante que esse trabalho me possibilitou foi comparar que pude fazer entre os leitores não convencionais (maternal) com os leitores convencionais (5ºano). Durante as rodas de leitura das crianças do maternal o texto era recebido como um presente. Pude perceber que havia prazer em ouvir uma história lida ou contada, em falar sobre os textos “lidos”, frequentar a biblioteca. Contudo, na sala do 5º ano, constatei justamente o contrário, sendo necessário realizar um trabalho para o resgate da leitura como fonte de deleite. Essa situação me permitiu pensar sobre a responsabilidade da escola e de seus profissionais na formação de “leitores” desencantados pelo ato de ler. desinteressados e insatisfeitos. De acordo com Leal (2006, p.47), devemos “...promover situações em que o texto seja oferecido aos alunos como um presente, como um objeto de prazer, como fonte de deleite. ” (*Reformulei parágrafo) Enfim, a experiência com esse trabalho me viabilizou reflexões em relação ao processo de formação de leitores e, em especial, sobre a importância de nós professores mediarmos essa dinâmica propiciarmos um ensino para que nossos alunos sejam leitores de fato, não permitindo, em momento algum das etapas escolares, que se desencantem pelo fascínio de ler, ouvir e/ou contar histórias.

REFERÊNCIAS: BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. O ensino da compreensão e a formação do leitor: explorando as estratégias de leitura. In: SOUZA, Ivane Pedrosa de; BARBOSA, Maria Lúcia Ferreira de Figueiredo (orgs.) Práticas de leitura no Ensino Fundamental. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. cap.4, p.59-75. ___________________________; ROSA, Ester Calland Sousa de. Entrando na roda: as histórias na Educação Infantil. In: BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Ester Calland Sousa de (orgs.). Ler e escrever na educação infantil: Discutindo práticas pedagógicas.Edição do Kindle.Autêntica. cap.2, p.414-725. Língua Portuguesa na escola. LEAL, Telma Ferraz; MELO, Kátia Reis. Planejamento do ensino da leitura: a finalidade em primeiro lugar. In: SOUZA, Ivane Pedrosa de; BARBOSA, Maria Lúcia Ferreira de Figueiredo (orgs.). Práticas de leitura no Ensino Fundamental. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. cap.3, p.39-57. ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE: CENP, 2004.Texto apresentado em Congresso realizado em maio de 2004.