SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - LIMEIRA/SP
EMEIEF ISMAEL PEREIRA LAGO, PASTOR - ENCONTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA - 2019

NOME DO PROFESSOR(A): JANAINA OLIVIA DA SILVA CECHET

UNIDADE ESCOLAR: EMEIEF ISMAEL PEREIRA LAGO, PASTOR

TÍTULO: MITOLOGIA EM QUADRINHOS: TRANSPOSIÇÃO MIDIÁTICA DE GÊNEROS NARRATIVOS.

TEMPO: 16 h/a, divididas em 4 semanas – entre os meses de abril e maio de 2019.

INTRODUÇÃO: Ao trabalhar com alunos do 5º ano de escolaridade, percebe-se que eles conhecem, leem, apreciam, mas não ainda não se apropriaram da estrutura básica da tipologia narrativa. Muitos são deficientes em detectar as partes essenciais da narrativa, como o clímax, por exemplo. As dificuldades aumentam quando os textos envolvem humor e ironia, ou quando o tema central do texto é implícito. Também, a imaturidade contribui para a dificuldade na interpretação visual, devido à falta de atenção aos detalhes, própria da idade. No entanto, são essas mesmas narrativas, que causam espanto nas avaliações que mais atraem o aluno na leitura deleite. Entre os itens mais procurados na biblioteca da escola e no canto de leitura em sala de aula, os gibis destacam-se com muita facilidade. Não é raro, ao terminar a lição, encontrarmos um aluno lendo, por fruição, uma dessas obras sempre presentes no universo infantil. A primeira forma de registro da comunicação humana é por meio de desenhos, portanto é natural que a criança se sinta confortável ao narrar ou ler uma História em Quadrinhos. Conforme nos aponta Vergueiro: “as HQs já fazem parte do imaginário e da cultura de nossa sociedade, com sua linguagem sendo encontrada em diferentes espaços, meios e atividades, como na publicidade, revistas, livros didáticos ou não, jornais, videogames, campanhas e softwares educativos e até em provas do Enem. Elas afetam a população todos os dias e são de fácil entendimento, não implicando conhecimento aprofundado ou nenhuma tecnologia específica. ” (2018, p. 11). Brandão (2018, p.39) destaca que, por natureza, a linguagem dos quadrinhos é formada pela fusão de dois conjuntos, a literatura e a imagem, o que faz com que essa mídia tenha linguagem e sintaxe próprias. O entrelaçamento entre textos e imagens possibilita uma ampla capacidade comunicacional, que não seria possível em textos somente narrativas verbais, como os mitos. Ao realizar um trabalho com HQs o professor assume um compromisso criativo, pedagógico e de domínio metodológico, no intuito de ajudar os alunos a decodificarem as imagens e interpretarem as ideias presentes na história. A sua criação permite uma transposição de conhecimento que amplia o horizonte educativo e favorece a construção e consolidação dos conceitos adquiridos. Cabe enfatizar que, no contexto desse trabalho, apesar do estudo de toda sintaxe própria da linguagem dos quadrinhos, eles não são entendidos como gêneros, mas como mídia, que suporta, responsável por comunicar, de forma lúdica, elementos próprios do gênero mito.

OBJETIVO: Objetivos gerais: - Apresentar o gênero mito para os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, utilizando as HQs como suporte midiático para a compreensão das características da tipologia narrativa, tanto na forma verbal (mito), quanto na visual (histórias em quadrinhos). Objetivos específicos: - Trabalhar os seguintes descritores da Prova Brasil: * D5 Interpretar texto com o auxílio de material gráfico diverso; * D6 Identificar o tema de um texto; * D13 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados; * D14 Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações (recursos visuais da HQ). - Apropriar-se da estrutura básica da tipologia narrativa, comum a todos os gêneros narrativos. - Trabalhar o conceito de intertextualidade. Desdobramentos: - Gênero roteiro. - Gênero exposição oral. - Ampliação de repertório cultural. - Competências socioemocionais propostas na BNCC: empatia e cooperação, responsabilidade e autonomia.

CONTEÚDO: - Gênero Mito; - Histórias em quadrinhos - na perspectiva gênero e na perspectiva mídia.

ENCAMINHAMENTOS: Todo o processo foi realizado a partir de agrupamentos produtivos, tomando por base o critério da interpretação e produção escrita (alunos com maior ou menor proficiência nos descritores apresentados nos objetivos específicos). Dessa forma, foi possível auxiliar de maneira mais enfática os alunos com mais dificuldades e dar mais autonomia àqueles alunos que possuem um nível de aprendizado maior. A questão dos relacionamentos interpessoais foi considerada posteriormente, já que as atividades necessitariam de grande interação. Também a questão disciplinar, já que, naturalmente, as crianças são mais ruidosas ao realizarem trabalhos em grupos. Os dois gêneros, Histórias em Quadrinhos e Mitos, foram trabalhados simultaneamente, alternando-se as atividades. Para caráter ilustrativo, a sequência de atividades será separada por gêneros, para que a compreensão da progressão das atividades se torne mais clara. Trabalhando o gênero HQ: Leitura de Histórias em Quadrinhos Para início, foram disponibilizados aos alunos, tanto no canto de leitura, quanto em aulas específicas, muitos gibis, de títulos, personagens e editoras diferentes (Panini, DC, Disney, Marvel), para que os alunos se familiarizassem com diversos tipos de HQs, seus traços, cores, formas, estruturas narrativas. Os alunos também foram estimulados a pegar quadrinhos na biblioteca da escola e alguns resenharam para a gravação de vídeo resenha. Na sequência, usando o livro didático e materiais impressos como suporte, trabalhamos a interpretação de algumas tiras como Calvin e Haroldo, Mafalda, Níquel Náusea, As Cobras, entre outros. Análise de Personagens – vídeos Na sequência da atividade, cada grupo recebeu vários gibis de uma mesma personagem. Foram escolhidos os personagens da Turma da Mônica, pois fazem parte do repertório cultural dos alunos. O objetivo da atividade foi perceber que, como a história em quadrinhos é uma narrativa curta, grande parte do humor está no que conhecemos da personagem (está implícito na história), portanto, é preciso muito cuidado e criatividade ao criá-la. A atividade foi apresentada oralmente para a classe e registrada em vídeo, que foi disponibilizado no YouTube e no Facebook da escola. Estrutura de uma HQ Nesse momento, de forma simples, foi apresentado para os alunos que uma HQ possui duas partes distintas e complementares: o roteiro e a ilustração. Essas duas partes formam o esboço, que mais tarde, será transformado na HQ, ilustrada, escrita e finalizada. Aproveitando o sucesso de Vingadores Ultimato, discutimos a importância da elaboração de um bom roteiro para a HQ, lembrando que o roteiro passa pela estrutura da narrativa: personagens, enredo, narrativa visual, tempo e espaço (cenário); precisando também ter introdução, clímax e desfecho – que muitas vezes coincidem, para ser compreensivo. A ênfase da atividade foi na construção da tipologia narrativa, embora tenha sido diferenciada a maneira de escrever um texto e um conto, por exemplo. Elementos da HQ Trabalhamos, com registro no caderno, a função de cada um dos elementos característicos das histórias em quadrinhos: requadro, calha, balão, onomatopeias, recordatório, expressões faciais e narrativa visual. Observamos esses elementos presentes nas HQs lidas. O término dos elementos dessas atividades coincidiu com o término do trabalho com o gênero mito, deixando-os aptos a realizarem a atividade de produção. Trabalhando o gênero mito Definição do gênero mito: Iniciamos o trabalho com a leitura do mito “Dédalo e Ícaro”. A leitura foi base para uma retomada dialógica dos gêneros trabalhados durante o trimestre. A partir das observações dos alunos, o conceito de mito foi construído de forma coletiva. Sequencialmente, distinguimos a diferença entre mitos e fábulas, exemplificando com a leitura de dois textos: “O mito da fênix” e a “Lenda do Uirapuru”. Repertoriando os alunos: Foram apresentados para os alunos diversos vídeos que contavam histórias de mitos, com diferentes estilos de representação - declamação, storyboard, encenação, ilustração. Também foram apresentadas obras que façam intertextualidade com os mitos clássicos (animes, poemas, filmes, citações em livros). Os alunos pesquisaram em suas casas outros mitos de seu interesse, para ampliar o conhecimento sobre o tema. Fundindo os dois gêneros: Transposição midiática Depois de apresentados os gêneros, os alunos, divididos em grupos produtivos, escolheram, entre os mitos estudados em classe e os pesquisados em casa, qual seria inspiração para a história em quadrinhos mais engraçada. Juntos, criaram o roteiro – priorizando o humor na produção. A ilustração foi realizada, também em grupos, com a colaboração da professora de Artes.

CONSIDERAÇÕES: A atividade propiciou a expressão da criatividade. Foi possível observar vários alunos com dificuldades de aprendizagem interagindo com o grupo, contribuindo com ideias e solucionando problemas. A interpretação gráfica tornou-se mais concreta, assim como os conceitos de humor e ironia. Dificuldades encontradas: relacionamento interpessoal na realização de atividades em grupo e cronograma de tempo.

REFERÊNCIAS: 6 Elementos básicos para criar uma História em Quadrinhos. Disponível em: http://www.saposvoadores.com.br/2012/06/6-elementos-basicos-para-criar-uma-historia-em-quadrinhos.html. Acesso em 11 jun 2019. BRANDÃO, Daniel. A Linguagem dos Quadrinhos. In: NETTO, R,; VERGUEIRO W.; (Org.). Coleção Quadrinhos em Sala de Aula: estratégias, instrumentos e aplicações - Fortaleza, CE: Fundação Demócrito Rocha, 2018. Sanchez, Marisa Martins. Buriti mais: potuguês: manual do professor. 1ª ed. Moderna. São Paulo. VERGUEIRO, Waldomiro. As HQs e a escola. In: NETTO, R,; VERGUEIRO W.; (Org.). Coleção Quadrinhos em Sala de Aula: estratégias, instrumentos e aplicações - Fortaleza, CE: Fundação Demócrito Rocha, 2018.